PT E A CRISE POLÍTICA
Os interesses econômicos dos monopólios empresariais, o ressentimento e o preconceito para com o projeto político-social do PT, por parte de frações da classe média; da imprensa comercial, a TV Globo no comando; de setores do capital financeiro, industrial e comercial; dos militares aposentados, com passagem pela Escola de Formação de Oficiais, das forças armadas dos Estados Unidos; e de partidos de oposição de direita, em consonância com o capital internacional, poderão criar as condições para o avanço de um pensamento autoritário, que permeia, historicamente, a classe dominante e para a concretização de um projeto político totalitário de direita, como já presenciamos antes.
Esse conjunto de sujeitos de oposição, ou mesmo de insatisfação com as políticas dos governos Lula e Dilma, se enfaixam das melhores qualidades de caráter, de integridade moral perfeita, qual um donatário ou um potentado de sesmaria, ou mesmo de um pioneiro bandeirante, a levar a velha escolástica tomista, lusitana, aos infiéis nativos, ou, modernamente, ao querer repetir a saga, séculos depois, ao tentar impor, à juventude, às populações das periferias urbanas e aos moradores dos rincões dos sertões modernizados uma ideologia e um projeto econômico-cultural de subordinação e dependência, definido a partir de fora, como antes, que pouco terá haver com as necessidades do nosso povo.
Para isso estimulam o medo e a cizânia internas entre classes sociais como estratégia para facilitar o domínio e a dependência da nossa economia, ao capital internacional. Quando a gente ver um empresário bem sucedido, que avançou graças a um projeto econômico que deu atenção ao mercado interno, fruto da elevação do poder de compra dos salários, dos investimentos em infraestrutura, da elevação do emprego...; um jovem, formado em nossas universidades públicas, universidades estas que cresceram na oferta de matrículas: na graduação e na pós-graduação, com a criação de centenas de cursos de especialização, mestrado e doutorado; uma classe média, que viu crescer o seu poder aquisitivo e aumentar em tamanho, na defesa de um projeto fascista de direita e mais, clamando pela privatização das riquezas naturais do Brasil, especialmente do petróleo, fico a refletir sobre a força alienante das ideologias, transmitidas diariamente pelos grupos conservadores e seus meios de comunicação.
E mais: a oposição sistemática e o apoio irrestrito manifestados pelos meios de comunicação mercantis, sob o comando da TV Globo, ao capital internacional, aos partidos e grupos de oposição ao governo constituem outro fator a ser considerado na presente crise. Aqui cabe uma observação sobre as ações estratégicas dos governos do PT na área da comunicação: como entender que um governo, com quatro mandatos consecutivos, e um partido político, com 35 anos de existência, não tenham criado ou apoiado, de forma decisiva, os meios de comunicação alternativos àqueles liderados por grupos políticos e econômicos conservadores, em declarada oposição ao governo, por não estarem no comando direto do Estado.
OS GRUPOS INTERESSADOS NA CRISE
O Sistema Globo de Comunicação.
Essa empresa de comunicação, uma concessão pública, se posiciona como uma ferrenha militante de oposição ao governo do PT. Sabe-se que, desde os anos 90, do século XX, com o avanço do neoliberalismo, no governo de FHC, ela tem perdido a disputa no mercado para as empresas multinacionais, que atuam nesse setor, além de estar minguando em audiência, perdendo o seu público cativo, por razões diversas, em sua programação. Para se ter uma ideia do poder ofensiva dos conglomerados multinacionais, nessa área, e que incomoda a Globo, registramos que: a empresa norte-americana "América Movil" que opera com TV paga, Internet e serviço de vídeo por demanda teve receita liquida, só no Brasil, no ano de 2012, de cerca de 40 bilhões de reais, vindo em seguida a Globo Comunicações e Participações, holding da família marinho, que obteve receita liquida de 13, 5 bilhões. Mesmo considerando essa diferença, para você avaliar o poder econômico da Globo observo que, juntas: A Abril Editora, UOL, SBT, O Estado de São Paulo (OESP), e RBS, registraram 5,5 bilhões de reais de receita líquida naquele ano. Reputo que, nessa selva de competição em que está metida a Globo, com as multinacionais, essa empresa precisa das benesses do poder público. Daí a Luta diuturna, em minha visão, para derrubar o governo da presidenta Dilma, do PT e empossar um seu representante confiável, para voltar a exercer maior influência sobre o orçamento do Estado.
Números extraídos do artigo "O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM OS NOSSOS BARÕES DA MÍDIA" , do Jornalista Gustavo Gindre, publicado pela Revista Caros Amigos, número Especial, Ano XVII, Nº 65.
As multinacionais
As contribuições das empresas multinacionais para enfraquecer o governo, nessa conjuntura, podem ser justificadas por dois aspectos, principais: primeiro, pela importância do mercado de 200 milhões de consumidores brasileiros. Lembrem-se do projeto da Associação de Livre Comércio das Américas - ALCA, nos governos de FHC, que tinha o propósito de escancarar o mercado brasileiro para os grandes conglomerados internacionais, especialmente, os norte-americanas; o segundo aspecto está relacionado aos interesses das multinacionais do petróleo, ao pretenderem obter maior participação no controle, não só do pré-sal, mas de outras matérias primas produzidas no Brasil e em toda a América Latina. Assim, pode-se indagar o porquê das ações coordenadas, nesse momento, pelos Estados Unidos, para enfraquecer os governos da Argentina, Venezuela e Brasil.
Os partidos políticos de oposição e de apoio ao governo
Por outro lado, a política de aliança assumida pelo PT, como estratégia de obtenção da governabilidade, tem dificultado a execução do projeto político e econômico desse partido. Sim, o sistema político-eleitoral tem contribuído para isso, ao facilitar que o eleitor mande para o parlamento políticos conservadores, alojados no PMDB, PTB, PP, PSC, PSD, todos da base de apoio ao governo, e parlamentares filiados ao PSDB, DEM e PPS, de oposição, compondo assim, a grande maioria conservadora que estamos observando, no Congresso Nacional. Ora, se a via institucional, parlamentar e não a mobilização da massa de militantes, foi o caminho definido pelo PT, para adquirir estabilidade, como não buscar esse ripo de aliança? Então, esse modelo encurrala, no horizonte, os avanços para a concretização de uma sociedade democrática e socialmente mais justa.
Concluo afirmando: primeiro, que a política não resulta da vontade ou desejo do dirigente, mas da estratégia, da organização e da correlação de forças dos grupos em disputa; segundo, que as estratégias escolhidas pelos opositores ao governo não têm caminho livre para impor o seu projeto conservador e autoritário. Questões para um próximo artigo.