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sábado, 13 de outubro de 2018

sábado, 6 de outubro de 2018

Fantástico texto de Fernando Horta. Vale a pena ler e partilhar , oxalá todos lessem.

O Fernando Horta escreveu desenhando.

"Quando você tiver sido molestada ou estuprada e ninguém estiver ao seu lado, sabe quem vai lutar ao teu lado? As feministas aquelas esquerdopatas.
Quando você for demitido sem direitos e sem receber absolutamente nada para que possa sustentar sua família, sabe quem vai te defender? Os trabalhistas, aqueles esquerdopatas.
Quando você sofrer violência policial, for agredido intimidado, sequestrado... Sabe quem vai te ouvir, acolher e ajudar nesta luta? Os defensores dos direitos humanos, aqueles esquerdopatas.
Quando tirarem de você as escolas públicas ou a oportunidade de um ensino superior gratuito e de qualidade, sabe quem vai estar lá fazendo greve e apanhando da PM pelos teus direitos? Os professores, aqueles esquerdopatas.
Quando passarem a te servir comida transgênica sem pesquisas suficientes e inundadas de agrotóxicos, sabem quem está lá para te defender e lutar pela tua saúde alimentar? O MST, aqueles esquerdopatas.
Quando os juros forem tão altos e os salários tão baixos que você tenha perdido a dignidade social, sabe quem estará lá em greves, piquetes, estudos contrapondo os absurdos? Os partidos de esquerda, obviamente esquerdopatas...
Quando você estiver sendo agredido ou prejudicado em função do Deus que você ora, sabe quem estará lá ao seu lado encarando os fundamentalistas? Os ateus e defensores do estado laico, aqueles esquerdopatas.
Quando você estiver sem forças para negociar aumento de salário ou melhorias necessárias para o teu trabalho, sabe quem estará lá na linha de frente tomando bomba e gás na cara? O sindicalistas, aqueles esquerdopatas.
Quando você não acreditar que o governo, o judiciário o legislativo estejam retirando teus direitos, tua aposentadoria e vendendo as riquezas do teu país, sabe quem estará lá votando contra, xingando, travando votação e etc.? Os partidos de esquerda, cheios de esquerdopatas.
Enquanto isto sabe onde estão o teu deputado defensor da "família", o teu pastor defensor de "cristo", o teu senador defensor da "liberdade" ou o teu ídolo defensor do "livre mercado"? Estão em casa descansando, aproveitando o dinheiro que ganharam defendendo os que eram contra ti e prometendo continuar te entregando em troca de mais dinheiro e poder.
" Esquerdopatas" são como as mãos, os pés ou qualquer outro membro que você só sente falta quando perde. E este é o momento em que todos estamos perdendo. Pense."
P.L: Lula é Haddad e Haddad é Lula.
#LulaLivre
#LulaPresidente
#EuSouLula
#HaddadPresidente

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

#HaddadÉ13


"Desabafo de Facebook (pq sei que não vai mudar a cabeça de ninguém), mas as vezes só de escrever já dá um certo alívio.
Sou médico e trabalho em um grande hospital público de BH. Desde a faculdade aprendi que a classe médica era mesmo conservadora e, quando veio o Golpe, foi muito difícil conviver entre meus pares de profissão. As críticas à Dilma eram, na maior parte das vezes, depreciativas: “uma mulher ignorante”, “burra pra c*”, “jumenta” e por aí vai. Os mesmos médicos que chamavam a Dona Maria, paciente internada ou do ambulatório, de “jacaré” (um termo pra se referir à pessoa ignorante, que desconhece aquilo nós levamos 6 anos e uma vida de estudos pra sabermos). Os mesmos que falavam que “bandido que chega baleado tinha mesmo era que deixar morrer”. Os mesmos que urravam contra o Mais Médicos, mesmo sabendo que nunca, jamais, em hipótese alguma, trabalhariam nos “buracos” onde se metiam os cubanos. Aliás, como sabiam tecer os piores adjetivos aos colegas de Cuba. “Cubano” virou um xingamento, falado com aquela pronúncia pausada, como que para prolongar a ofensa, lentamente, aproveitando cada sílaba da palavra. Sinônimo de “inferior”, mas estava tudo certo que fosse assim. Afinal, éramos superiores, Brasileiros.
Agora, os mesmos defendem seu apoio ao candidato fascista. Não me surpreendo, o passado recente me calejou. Nos grupos de WhatsApp, nas enfermarias, nos quartos de plantão, o voto majoritário é pra ele. Aliás, se alguém conseguiu ler esse texto até agora, fica a dica: nunca queira saber o que se fala em um quarto de plantão médico. Parece que ali o desrespeito é liberado, como se dentro daquelas quatro paredes o Juramento de Hipócrates não passasse de um texto inútil que pronunciamos ao formarmos. Um protocolo.
Parece paradoxal pensar que uma pessoa que se formou para defender a vida, queira como líder a antítese de tudo que se pode considerar o direito à vida e à liberdade. Um representante declarado da tortura, do racismo, da misoginia, da segregação. Um homem que se colocou publicamente como um estuprador e que enalteceu, no dia mais triste da minha curta vida de eleitor, um dos mais cruéis e sádicos nomes da ditadura militar brasileira. O terror dos terrores, capaz de levar crianças para assistirem a mãe sendo torturada no porão. Chega a doer essa imagem, não?
Como pensar que profissionais que lidam diariamente com as piores mazelas de um povo pobre, preto e fragilizado, parecem não se importar com o peso negativo que esse apoio traz a essa parcela da sociedade? Aliás, não somente a essa parcela, porque sabemos que afetará todos nós: pequenos, médios ou altos.
Mas quando me deparo com o médico eleitor do candidato fascista, quando escuto os seus comentários, sempre cheios da mesma soberba e obscenidade, reproduzindo fielmente o ódio que prega o seu líder, a dúvida desaparece facilmente. A verdade é que essa pessoa nunca entendeu o seu real papel na sociedade. Talvez por influência de um meio já muito corrompido pelo falso status que traz a profissão . Talvez por ignorância mesmo. O que os olhos não vêem é mais fácil de negar.
Nesse próximo domingo, vou novamente exercer o meu direito e dever de cidadão. E não há dúvida: ele jamais."

terça-feira, 25 de setembro de 2018

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Um PROFESSOR vale mais que mil atiradores;
uma BOA AULA vale mais que mil pistolas;
um bom ENSINAMENTO vale mais que bravatas violentas.
Por Flávio Franoli

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

HADDAD DESMONTA ARMADILHAS DE BONNER E RENATA NO JN 
14 de setembro de 2018 por Esmael Morais
Em entrevista ao Jornal Nacional na noite desta sexta (14), Fernando Haddad conseguiu desarmar uma série de armadilhas e pegadinhas de Willian Bonner e Renata Vasconcellos.
O candidato à presidência pelo PT começou calmo e firme, apesar das interrupções de Renata e Bonner. Ele lembrou que milhões de Brasileiros gostariam de ver o presidente Lula em seu lugar na campanha e no Jornal Nacional.
Em mais de 18 minutos da entrevista, o assunto foi somente corrupção, com insinuações e juízos de valor contra o PT e o próprio Haddad.
O restante do tempo foi gasto pelos jornalistas na tentativa de desgastar Haddad pelos feitos na seu mandato como prefeito de São Paulo.
Bonner tentou incluir Dilma no redemoinho da corrupção. O candidato do PT lembrou que ela não foi condenada e não é ré em nenhum processo. Bonner insistiu que ela “é investigada”.
Haddad devolveu afirmando que a Rede Globo também é investigada por problemas fiscais, e completou dizendo que a emissora “condena por antecipação”
Não contente em não obter as respostas que queria, no final da entrevista, Bonner ainda tentou ocupar o lugar de entrevistado e tentou responder as próprias questões do seu jeito.
Enfim, Haddad sai fortalecido da entrevista, para o desespero da velha mídia.


quinta-feira, 30 de agosto de 2018

*Não é ser petista, é ser justo*
"Defender Lula não é coisa de petista, nem de "esquerdista". Defender Lula é atitude de gente sensata, gente que sabe que o que está em jogo não é corrupção, apartamento triplex, sítio, pedalinho, nada disso.
O que está em jogo é o sistema democrático brasileiro. O que está em jogo é a falência do sistema judiciário brasileiro que se tornou partidário e tão ou mais corrupto que o sistema político.
O que está em jogo é a imagem do Brasil perante o mundo porque nem mesmo os que acusam Lula estão convictos de que haja provas de corrupção do ex-presidente.
Vamos ser honestos, o processo é político e tem por objetivo tirar a maior liderança mundial da esquerda das eleições num país que vive um golpe de Estado, um golpe que tirou do poder uma mulher honesta, uma mulher nunca acusada, julgada e condenada por corrupção.
Sejamos honestos, o crime de Lula foi gerar ódio nessa elite que jamais aceitou que um torneiro mecânico, operário, nordestino e sem diploma tenha se tornado respeitado mundialmente, uma espécie de Nelson Mandela brasileiro, só que no combate à fome.
Sejamos honestos, os que defendem a sua prisão são os mais corruptos, comprovadamente corruptos, homens sem amor ao povo brasileiro, homens que por dinheiro venderiam até a alma, quem dirá vender a riqueza nacional como estão a vender.
Defender Lula é hoje um dever de qualquer patriota, qualquer democrata, independente de partidarismo.
Defender Lula é defender o Brasil e o que resta de dignidade nesse país. Lula não roubou, não recebeu dinheiro, não teve conta secreta descoberta na Suíça, nem dólares em paraísos fiscais.
Não caiu em áudio mandando matar, nem teve malas com milhões de reais com suas digitais. Lula elevou a condição de vida de milhões de brasileiros, provou que um homem de origem pobre e humilde pode ser Presidente e mais, pode ser o maior Presidente da história. Por isso a elite brasileira com seu complexo de inferioridade, com seu complexo de vira-latas jamais o perdoará.
O crime de Lula, na verdade, foi comandar um governo voltado para os mais pobres, um governo mais popular e independente, soberano e isso, amigos e amigas, jamais será aceito pela Casa Grande.
Defender Lula é defender a história, é defender a justiça, pois um homem respeitado no mundo todo não merece nos seus 72 anos de idade ser preso, condenado por um crime que não cometeu.
Lula merece o apoio de todo o povo a quem ele tanto dedicou sua vida.
Não é ser petista, é ser justo.
Texto essencial para a leitura da atual conjuntura mundial e brasileira "

terça-feira, 21 de agosto de 2018

"STF E DODGE TÊM CONSENSO SOBRE TRATADOS DA ONU ACIMA DA LEI BRASILEIRA
No último dia 17, o Comitê Internacional de Direitos Humanos da ONU proferiu uma Liminar ao Estado brasileiro requerendo que o mesmo tome as medidas necessárias que garantam a candidatura de Lula, e sua participação, sem prejuízos, na campanha eleitoral, o que inclui acesso ao partido e à mídia.
Desde então, surgiram diversas reações que tentam minimizar o fato e a competência do Comitê. Pois bem, vamos aos fatos.
O referido Comitê foi criado por meio do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, adotado pela XXI Assembleia Geral da ONU, em dezembro de 1966. Este tratado internacional determina normas e valores para salvaguardar os direitos dos indivíduos dos Estados que facultativamente aderiram a ele, ou seja, o Brasil escolheu participar e ratificá-lo em duas ocasiões: em 1992, por meio do Decreto 592/1992 e, em 2009, por meio do Decreto legislativo 311/2009. Ao fazer isso, o Brasil incluiu-o em seu ordenamento jurídico com status supralegal, o que significa que está acima das leis ordinárias e abaixo da Constituição.
A Liminar (Interim Measure) expedida pelo Comitê da ONU está respaldada na Regra 92, do conjunto de normas da mesma, que tem o objetivo de evitar qualquer violência irreparável aos direitos do impetrante, que, no caso do Lula, refere-se à violência da proibição da sua participação equânime na campanha eleitoral e da possível impugnação de sua candidatura.
O Comitê tomou essa medida drástica porque desde 2016 tem acompanhado o processo judicial de Lula, a pedido de sua Defesa, aceitando-o formalmente neste ano, e diante das análises já efetuadas perceberam que há sim a possibilidade de que seu julgamento não tenha sido justo, mas parcial e de cunho político, no entanto, a decisão final ocorrerá só daqui alguns meses, após as eleições brasileiras, o que teria efeito inócuo, caso decidam favoravelmente à denúncia de que o ex-presidente tem sido vítima de decisões injustas impetradas pelo Estado brasileiro.
Percebam, portanto, que o Comitê tem o aval da ONU e do ordenamento jurídico brasileiro para apurar se o próprio Estado brasileiro tem cometido violações dos direitos civis e políticos, ou seja, trata-se de um órgão competente, representativo, porque foi eleito pelos Estados partes, e independente, que tem a máxima importância para evitar e denunciar injustiças institucionais cometidas pelos Estados partes.
Para que não reste dúvida, o próprio Supremo Tribunal Federal já afirmou a supralegalidade (qualidade do que está acima da lei) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos inúmeras vezes, tanto por meio de seus ministros como por meio da Sumula Vinculante 25, resultante de julgamentos que derrubaram a prisão de depositário infiel de nosso ordenamento jurídico exatamente porque tratados internacionais proíbem-na.
Desde então, embora antes já fosse costume, todas as decisões do STF obedecem rigorosamente a superioridade legal de tratados internacionais de direitos humanos. Seguem afirmações oficiais de alguns ministros do Supremo, a saber Cezar Peluso, Ellen Gracie, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski e, na imagem a seguir, do ministro Luís Roberto Barroso:
Além dessa afirmação, acima, o ministro Barroso, atual relator dos pedidos de impugnação da candidatura de Lula, escreveu, ao menos, dois artigos acadêmicos sobre o tema, nos quais reitera o enorme valor dos tradados internacionais, a saber: Constituição e tratados internacionais: alguns aspectos da relação entre direito internacional e direito interno. (2008) e Constituições e tratados internacionais: alguns aspectos da relação entre direito internacional e direito interno. (2013).
Ademais, Marco Aurelio Mello reforça afirmando que o tema refere-se à mais importante responsabilidade do juiz:
Presente esse contexto, convém insistir na asserção de que o Poder Judiciário constitui o instrumento concretizador das liberdades civis, das franquias constitucionais e dos direitos fundamentais assegurados pelos tratados e convenções internacionais subscritos pelo Brasil. Essa alta missão, que foi confiada aos juízes e Tribunais, qualifica-se como uma das mais expressivas funções políticas do Poder Judiciário. Juiz, no plano de nossa organização institucional, representa o órgão estatal incumbido de concretizar as liberdades públicas proclamadas pela declaração constitucional de direitos e reconhecidas pelos atos e convenções internacionais fundados no direito das gentes. Assiste, desse modo, ao Magistrado, o dever de atuar como instrumento da Constituição - e garante de sua supremacia - na defesa incondicional e na garantia real das liberdades fundamentais da pessoa humana, conferindo, ainda, efetividade aos direitos fundados em tratados internacionais de que o Brasil seja parte. Essa é a missão socialmente mais importante e politicamente mais sensível que se impõe aos magistrados, em geral, e a esta Suprema Corte, em particular.
É dever dos órgãos do Poder Público - e notadamente dos juízes e Tribunais - respeitar e promover a efetivação dos direitos garantidos pelas Constituições dos Estados nacionais e assegurados pelas declarações internacionais, em ordem a permitir a prática de um constitucionalismo democrático aberto ao processo de crescente internacionalização dos direitos básicos da pessoa humana. O respeito e a observância das liberdades públicas impõem-se ao Estado como obrigação indeclinável, que se justifica pela necessária submissão do Poder Público aos direitos fundamentais da pessoa humana. Relatório do Min. Marco Aurelio - HC87585/TO
Está mais do que comprovado que o STF reconhece os tratados internacionais de direitos humanos como, pelo menos, superiores as leis ordinárias. Cabe ressaltar que há um grupo, liderado pelo Ministro Celso de Melo, que defende um caráter ainda mais relevante aos referidos tratados: caráter constitucional.
A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, está alinhada com essa perspectiva e discorreu sobre no parecer acerca da constitucionalidade de candidaturas avulsas, sem partidos.
Além desse recente posicionamento, é fato conhecido que a Procuradora tem um histórico de defesa do cumprimento dos tratados e cooperações internacionais. Recentemente, participou da 120ª Sessão Ordinária da Corte Interamericana de Direitos Humanos, realizada na Costa Rica e destacou que o Brasil deve cumprir, em suas relações internacionais, o princípio da prevalência dos direitos humanos, conforme prevê a Constituição. E deve, inclusive, apoiar a criação de um Tribunal Internacional de Direitos Humanos. Para a procuradora-geral, a celebração de tratados e o reconhecimento da jurisdição de tribunais internacionais, pelo Brasil, impõem ao país o desafio de buscar sempre uma sociedade livre, justa e solidária e o combate efetivo à pobreza e à desigualdade.
A PGR lembrou que o Ministério Público brasileiro atua em conjunto com os demais órgãos do sistema internacional de direitos humanos e com órgãos nacionais para a construção de uma sociedade inclusiva. Para Dodge, o desafio deste século é reconhecer a centralidade do tema e sua proteção na agenda dos estados. “A consolidação desses valores comuns é um processo em curso que se reforça continuamente na atividade dos vários órgãos internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Esse repertório de hermenêutica de direitos humanos tem revolucionado ordenamentos jurídicos, impondo modificações em condutas administrativas, legislações nacionais e mesmo interpretações judiciais internas”. (Site oficial do MPF - aqui).
Os fatos são todos uníssonos ao afirmarem que o Judiciario brasileiro reconhece a supralegalidade do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e, portanto, a mesma legitimidade do seu Comite, portanto, não resta outra opção ao STF e MPF que não seja o deferimento da Liminar e exigir das instituições que a façam cumprir.
Qualquer outra decisão instalará uma insegurança jurídica internacional sem precedentes, que colocarão em evidencia o processo de falência de nossas instituições, desbocando em um possível colapso econômico. Ou seja, não se trata apenas de Lula e das eleições, trata-se da manutenção da legitimidade do Estado de direito e da democracia brasileira."

sábado, 18 de agosto de 2018

por Gustavo Conde, linguista: "Desde que começou a cumprir essa pena absurda em Curitiba, escandalosamente ilegal, persecutória e política, Lula reorganizou seus ímpetos e sua inteligência. Ele jamais sucumbiria diante de algozes tão covardes e violentos. Não é do seu feitio, não é de seu caráter.
Limitada sua ação como interlocutor voraz da cena pública, Lula deslocou suas qualidades de negociador para uma instância diferente e igualmente poderosa: a escrita.
Preso, Lula passou a escrever diariamente, em folhas de caderno, com mensagens e bilhetes para lideranças políticas e sindicais do Brasil inteiro. Assim, ele costurou uma aliança extremamente complexa no campo das esquerdas, evidentemente com o auxílio qualificado de Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann.
Mas essa nova competência posta em prática, a arte da escrita, é mais um daqueles momentos que assombram quem acompanha a trajetória de Lula. Lula levou para o texto escrito todo o seu poder de persuasão e toda a sua dicção política e humana.
O artigo que ele escreveu para o jornal The New York Times marca esse momento do nascimento de um novo estilo de texto. Ele, Lula, está lá, em cada linha, em cada parágrafo, em cada pontuação.
Antes que alguém pense que políticos não escrevem seus próprios artigos - o que é real - aviso de bate-pronto: no caso de Lula, agora, é diferente. Porque Lula está preso. Porque Lula está tomado pelo imenso poder que é ser um homem sozinho diante de si mesmo e diante de um sistema que quer eliminá-lo e proscrevê-lo. Nessas situações, quem tem caráter, toma todo o espectro das ações de resistência, até das ações mais singelas como a delicada redação de uma mensagem.
No artigo do New York Times, Lula está lá, em todos os lugares, com seu estilo, com sua verve, com o contrato particular que ele trava com os sentidos das palavras. Escrever, afinal, não é apenas dominar protocolos gramaticais. Escrever é muito mais do que isso.
A escrita de Lula é diferente. Os períodos são curtos, a sintaxe é minimalista, as escolhas lexicais são densas e simples e o ethos (o tom) consegue reproduzir fielmente sua marca emocional, visceral, de ser alguém que fala com o coração e ao mesmo tempo com extrema inteligência no controle do discurso.
Há muitas marcas de oralidade no texto de Lula que, ao invés de fragilizar uma escrita protocolar e obrigatoriamente técnica, fortalece-a, deixando-a mesmo mais poderosa do que a assinatura que a recobre.
Para os incrédulos acerca do talento literário de Lula - os céticos de plantão, habitantes da caixinha do senso comum -, adianto: o estafe de Lula certamente 'costurou' algumas passagens do texto, dadas as exigências protocolares de um artigo a ser publicado no jornal mais importante do mundo.
Mas isso é praxe até para os mais insuspeitos intelectuais dotados de prestígio acadêmico. Como revisor profissional, posso garantir, inclusive, que há muitos missivistas em operação na cena do comentário nacional cuja qualidade do texto bruto faria qualquer professor de ensino médio tremer.
Lula está neste texto do The New York Times como talvez em nenhum outro anterior. À medida em que o cerco a ele e às eleições se fecha, todo o processo simbólico de resistência se adensa. O Lula escritor é mais um lance espetacular da história que, por mais que se tente, não cessa sua ação de consagração aos protagonistas políticos verdadeiramente investidos de legitimidade popular.
Lula escreve tão bem que até traduzir o seu texto de uma língua para outra é fácil. É a linguagem universal. De fato, Impressiona. Ele lida com os sentidos das palavras de um jeito único, humano, límpido, singelo, sem tergiversar, sem querer impressionar, sem os trambiques academicistas que fazem os textos da elite parecerem monumentos ao pedantismo. Há verdade em cada passagem, em cada trecho, em cada palavra.
A questão é muito técnica e afirmo isso como linguista: ele gerencia os sentidos de maneira singular. É como uma pessoa simples dotada de profunda sabedoria que se expressa com todo seu corpo, sua alma e sua história.
Fica fácil entender porque tanto amor – a percepção de afeto majoritária neste cenário – e porque tanto ódio – a minoria que não consegue lidar com as transferências do amor. Alguém que massageia neste nível de intensidade o aparato de codificação dos sentidos (a interpretação social) é insuportável para o segmento que detesta o sentido e a progressão do sentido.
Os acumuladores compulsivos de ódio são apenas o desdobramento natural dos acumuladores compulsivos de patrimônio: tudo é uma doença social degenerativa.
Diante do amor, diante da clareza, diante da verdade, esses nichos minoritários e barulhentos sucumbem às histerias mais grotescas. É o gatilho do nosso fascismo extemporâneo impregnado nas classes médias. O que eles não entendem, eles odeiam.
Por isso a conexão de Lula com o povo é tão forte. O vínculo é de sentido, não é ideológico. O vínculo de Lula com o povo extrapola as intepretações grosseiras da nossa cena do comentário sociológico que rotula qualquer coisa que não se pareça com o óbvio, com o já dito.
Este sujeito que tanto admiro – que o mundo admira – há tanto tempo não é apenas o maior líder político da história. Ele é um ser dotado da mais bonita humanidade de que se tem notícia. Por isso, o amor que ele vai deixando como rastro e como legado, toma dimensões cada vez mais épicas de perpetuação.
Vinícius de Moraes dizia que o amor deveria ser eterno enquanto durasse. O amor de Lula – o amor político, o amor social, o amor por Marisa, o amor pela família, o amor por seu povo, o amor pelos catadores de papel, o amor pelos portadores de hanseníase, o amor pela língua, o amor pelo sentido, o amor pela história – não tem essa cifra passional e romântica, embora ele as tenha também na grandeza do gesto.
O amor de Lula transcende, é eterno e infinito, é simbólico e solidário, é espiritual e político, doce e revolucionário, inovador e desinteressado, pleno e delicado, emocional e profundamente soberano.
Nós somos contemporâneos deste ser humano. Só isso já é a maior das honrarias que nos poderia ser concedida pela história.
Mais uma vez, é importante que se diga: testemunhar a garra deste ser humano do lado certo da história é a sensação máxima de liberdade".

segunda-feira, 2 de julho de 2018

ANTES TARDE DO QUE NUNCA
A China, dona já de grande parte da dívida norte americana com o mundo, graças à sistemática compra de Títulos da Dívida Pública daquele país, resolveu se mexer, preocupada com o destino da Petrobras, se organizando para fortes pressões internacionais, a começar sobre o golperno brasileiro e dos que estão nos preparando satélite deles.
Rússia e Irã já se manifestaram solidárias à China e a tensão internacional tende a crescer, com o Brasil no olho do furacão.
Vêm aí as pressões econômicas da China sobre iankes e brazukas.
Esclareço: a doação do PreSal às multinacionais incomodou aos orientais, mas incomodou pouco, porque eles têm fontes também, seja nos próprios territórios ou no de países aliados; com a ameaça da venda das nossas refinarias também pouco se incomodaram, eles têm as deles.
O negócio começou a pegar no momento em que o governo acena com a ameaça de vender o nosso parque petroquímico, e novamente esclareço.
Posso esclarecer? Quando falamos em petróleo imaginamos logo os combustíveis (gasolina, diesel, querosene...) só que o petróleo está tão presente em nossas vidas que se todos os derivados do petróleo fossem retirados da sua casa você teria que procurar outra: o petróleo está na fiação elétrica e nos dutos hidráulicos, no seu gás de cozinha, nos princípios ativos do remédio que você toma, nos tecidos sintéticos da sua roupa, nos estofados, no colchão que você dorme, nas cortinas, como aditivos nos alimentos que você consome, nos seus calçados, nos seus móveis e quinquilharias que os enfeita, nas tintas e vernizes, sem contar que não há um único eletrodoméstico que não tenha componentes de plástico ou borracha sintética, derivados do petróleo.
Mas isso também não preocupa tanto no exterior, pelo contrário, incapazes de produzir isso, conosco comprando no exterior, a preços internacionais, melhor para eles. Sem uma indústria de plásticos e borracha sintética os chineses multiplicariam em muito as suas exportações para cá.
O xis da questão é a nossa agricultura e pecuária.
Somos o segundo produtor mundial de alimentos (o primeiro em proteína animal – carnes, e o segundo em grãos) e estávamos aceleradamente nos aproximando dos Estados Unidos, o primeiro.
Acontece que a agricultura contemporânea é totalmente dependente do petróleo (defensivos agrícolas, adubos, corretivos do solo – a maior parte do solo brasileiro é muito ácido, com pH muito baixo, necessitando, em algumas regiões, de doses maciças de corretivos) e a pecuária, além do aparato medicamentoso, apóia-se cada vez menos no pasto e mais nas rações, formuladas a partir de grãos).
Se a nossa extensão territorial e a variedade de solos e climas nos permitem ser considerados o “celeiro do mundo”, a China é a boca do mundo.
Isto mesmo, de cada 4 seres humanos do planeta, um nasceu na China, sem contar que a Rússia é fria, em quase toda a sua extensão territorial, limitando a agricultura, e o Irã tem vastas regiões de deserto.
Resultado: você pode ficar pelado(a), sem roupas; pode morar na rua; pode deixar de tomar remédios... Mas se não beber água e comer, morre.
Ao tentar dominar as fontes, o preparo da matéria prima, subprodutos do petróleo, e o produto final, os Estados Unidos buscam a hegemonia mundial, a imposição do modelo americano ao mundo, em tese, propriedade sua, seja criando a dependência aos alimentos produzidos lá ou em regiões dependentes de lá, seja usando a comida como instrumento de chantagem política e econômica.
A grande sacada do Brics foi justamente essa: entramos com petróleo e comida, e eles entram com manufaturados, nos fazendo mercados complementares, o que os Estados Unidos não pretendem deixar que aconteça, primeiro golpeando um governo nacionalista, depois desmontando o parque petroquímico do país.
Acendeu a luzinha vermelha em Pequim, Teerã e Moscou: “querem nos deixar sem comida hoje e sem água amanhã”, e a pressão vai começar.
Eles sabem que sem PT aqui o negócio fica mais difícil lá, e nós sabemos que sem eles conosco, no Brics, o império nos devora.
Francisco Costa
Rio, 18/06/2018.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Lula, enfim, se libertou

por Jeter Gomes

O dia 24 de janeiro de 2018 ficará marcado na história como o dia em que Lula se libertou. Acabou a apreensão, o nervosismo da expectativa de um possível julgamento justo. O que se viu em Porto Alegre, durante horas e horas de sessão, foi a confirmação de que o Judiciário brasileiro não tem o menor pudor em assumir diante das câmeras que tem um lado: o das elites brancas, escravocratas e raivosas. Longuíssimas leituras e discursos políticos dos magistrados e nem uma migalha de provas da culpabilidade do ex-presidente da República. Como os inquisidores nada conseguiram provar, mostraram para seus patrões da mídia e do Kapital que são ainda mais cruéis que o TorqueMoro e aumentaram a pena. Tramando a confirmação do crime, vilipendiaram as leis, a Constituição, o Estado Democrático de Direito. Com punhos de renda, prestaram contas ao rentismo. Com inteligência média, ganharam as manchetes da mídia. E voltaram pra suas casas com as mãos sujas dos carrascos.
E ali começou a libertação de Lula do seu pequeno corpo físico de metalúrgico migrante do agreste pernambucano. O que era carne virou verbo: Lular. Se de um lado, o prefeito de Porto Alegre, seu inimigo figadal, tucano de filiação e MBL (essa seita dirigida por garotos fascistas, financiada por abastados e seguida por abestados) por convicção, não conseguiu juntar uma centena de g(p)atos pingados; do outro, 70 mil pessoas de todo o Brasil lularam numa demonstração gigantesca de apoio ao seu líder e que a mídia Golpista ocultou dos seus leitores. Certamente, Lula é o réu que mais arrastou simpatizantes para um julgamento na história da humanidade. E a massa lulava com força, com gana, com raça, com coragem, mesmo sabendo que os juízes jogavam no time adversário.

A farsa acabou, os véus foram rasgados, as máscaras deixadas nos bolsos das togas. Despiram-se das fantasias a menos de vinte dias do carnaval. E quando o mundo abriu os olhos, os três patéticos estavam nus diante do tribunal da verdade, aquela que adoece, mas nunca morre. A guilhotina foi armada para decapitar o maior líder popular e o presidente mais bem avaliado da história do Brasil. Mas Lula desencantou, bateu asas na Esquina Democrática da capital gaúcha, sobrevoou o Guaíba, se misturou ao vento e se espalhou pelo país. Se fez matéria nas universidades e institutos tecnológicos que construiu, nos 40 milhões que ajudou a tirar da miséria, na retirada do Brasil do mapa da fome da ONU, nas águas transpostas do Velho Chico, na Luz que ofertou para Todos, nos alimentos da Agricultura Familiar que saciou a fome nas merendas escolares, nos tetos seguros do Minha Casa Minha Vida, nos milhares de jovens negros e pobres que ingressaram nas universidades e adquiriram conhecimento até ultrapassaram nossos limites geográficos no Ciência Sem Fronteiras.

Esfumando-se da cidade que foi por vezes sede do Fórum Social Mundial, Lula aterrissou na Praça da República (ironia da história), na capital do Kapital brasileiro. Ali, num tom sereno, dos que portam a certeza da sua inocência, acalmou e orientou para  a luta os 50 mil militantes que o ouviram atenta e emocionadamente. Paradoxalmente, a poucos quilômetros dali, na Avenida Paulista, os vitoriosos do dia não conseguiram amealhar mais do que 300 adeptos. Sintoma de que a população se cansou de ser manipulada por grupelhos infanto-fascistas e pela mídia golpista. Senão, como explicar que os torcedores do time campeão recolheram-se em seus lares e os “derrotados” desfilaram na avenida como se tivessem ganho o campeonato? E o mar de vozes e bandeiras vermelhas lulou até a Paulista, onde já não havia o menor sinal dos “vitoriosos”.
Lula não é mais de carne e osso. Não é mais um nordestino de voz rouca e língua presa. Lula virou pássaro, virou canção, virou poesia. Já entrara pra história como um dos nossos melhores presidentes, senão o melhor. Agora se perpetuará como um dos mais injustiçados, caçados, esquadrinhados, revirados, tripudiados. Seu corpo de 72 anos pode até ser encarcerado, mas não se pode prender seus ideais, seus projetos, seus sonhos, seus feitos, sua utopia. Eles não cabem nas gaiolas da FIESP, da Rede Globo, da FEBRABAM, da Veja ou da Folha de São Paulo, pois já estão fecundados nos corações e mentes de milhares de brasileiros e brasileiras que não desistirão nunca de serem livres. Lula não mais se pertence. Ele agora é do povo, dos mais humildes, dos mais conscientes, dos mais necessitados, dos excluídos. Não por acaso, lidera folgado todas as pesquisas de intenção de voto para presidente da República. E já não precisa mais receber nenhum desses votos, pois virou lenda, virou mito, virou luz na escuridão que o Golpe nos jogou. Virou estrela no céu cinzento, virou sol em meio a tempestade. Seus algozes quiseram transformá-lo em cinzas, mas Lula é Fênix. Renasce e cresce a cada derrota. O sapo barbudo ficará na história, os juízes na escória.
Contam que depois da sentença, pré-anunciada pela crônica, ouviu-se Lula declamando os versos do gaúcho (talvez uma homenagem à cidade que o abraçou e o fez mártir) Mário Quintana: todos esses que aí estão, atravancando o meu caminho, eles passarão...Eu passarinho!
Voa Lula, voa!

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