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segunda-feira, 2 de julho de 2018

ANTES TARDE DO QUE NUNCA
A China, dona já de grande parte da dívida norte americana com o mundo, graças à sistemática compra de Títulos da Dívida Pública daquele país, resolveu se mexer, preocupada com o destino da Petrobras, se organizando para fortes pressões internacionais, a começar sobre o golperno brasileiro e dos que estão nos preparando satélite deles.
Rússia e Irã já se manifestaram solidárias à China e a tensão internacional tende a crescer, com o Brasil no olho do furacão.
Vêm aí as pressões econômicas da China sobre iankes e brazukas.
Esclareço: a doação do PreSal às multinacionais incomodou aos orientais, mas incomodou pouco, porque eles têm fontes também, seja nos próprios territórios ou no de países aliados; com a ameaça da venda das nossas refinarias também pouco se incomodaram, eles têm as deles.
O negócio começou a pegar no momento em que o governo acena com a ameaça de vender o nosso parque petroquímico, e novamente esclareço.
Posso esclarecer? Quando falamos em petróleo imaginamos logo os combustíveis (gasolina, diesel, querosene...) só que o petróleo está tão presente em nossas vidas que se todos os derivados do petróleo fossem retirados da sua casa você teria que procurar outra: o petróleo está na fiação elétrica e nos dutos hidráulicos, no seu gás de cozinha, nos princípios ativos do remédio que você toma, nos tecidos sintéticos da sua roupa, nos estofados, no colchão que você dorme, nas cortinas, como aditivos nos alimentos que você consome, nos seus calçados, nos seus móveis e quinquilharias que os enfeita, nas tintas e vernizes, sem contar que não há um único eletrodoméstico que não tenha componentes de plástico ou borracha sintética, derivados do petróleo.
Mas isso também não preocupa tanto no exterior, pelo contrário, incapazes de produzir isso, conosco comprando no exterior, a preços internacionais, melhor para eles. Sem uma indústria de plásticos e borracha sintética os chineses multiplicariam em muito as suas exportações para cá.
O xis da questão é a nossa agricultura e pecuária.
Somos o segundo produtor mundial de alimentos (o primeiro em proteína animal – carnes, e o segundo em grãos) e estávamos aceleradamente nos aproximando dos Estados Unidos, o primeiro.
Acontece que a agricultura contemporânea é totalmente dependente do petróleo (defensivos agrícolas, adubos, corretivos do solo – a maior parte do solo brasileiro é muito ácido, com pH muito baixo, necessitando, em algumas regiões, de doses maciças de corretivos) e a pecuária, além do aparato medicamentoso, apóia-se cada vez menos no pasto e mais nas rações, formuladas a partir de grãos).
Se a nossa extensão territorial e a variedade de solos e climas nos permitem ser considerados o “celeiro do mundo”, a China é a boca do mundo.
Isto mesmo, de cada 4 seres humanos do planeta, um nasceu na China, sem contar que a Rússia é fria, em quase toda a sua extensão territorial, limitando a agricultura, e o Irã tem vastas regiões de deserto.
Resultado: você pode ficar pelado(a), sem roupas; pode morar na rua; pode deixar de tomar remédios... Mas se não beber água e comer, morre.
Ao tentar dominar as fontes, o preparo da matéria prima, subprodutos do petróleo, e o produto final, os Estados Unidos buscam a hegemonia mundial, a imposição do modelo americano ao mundo, em tese, propriedade sua, seja criando a dependência aos alimentos produzidos lá ou em regiões dependentes de lá, seja usando a comida como instrumento de chantagem política e econômica.
A grande sacada do Brics foi justamente essa: entramos com petróleo e comida, e eles entram com manufaturados, nos fazendo mercados complementares, o que os Estados Unidos não pretendem deixar que aconteça, primeiro golpeando um governo nacionalista, depois desmontando o parque petroquímico do país.
Acendeu a luzinha vermelha em Pequim, Teerã e Moscou: “querem nos deixar sem comida hoje e sem água amanhã”, e a pressão vai começar.
Eles sabem que sem PT aqui o negócio fica mais difícil lá, e nós sabemos que sem eles conosco, no Brics, o império nos devora.
Francisco Costa
Rio, 18/06/2018.