E M O Ç Ã O
Ninguém consegue conter a sua emoção. Ela sempre se manifesta independente da nossa vontade. Quem não sente emoção é frio, anormal e, portanto, perigoso. Refiro-me à emoção verdadeira, espontânea, natural e nunca à demagogia dos politicóides e santinhos do pau ôco.
Uma prova de emoção verdadeira foi dada pela presidenta Dilma Rousseff quando recebeu o relatório da Comissão da Verdade. No seu pronunciamento quando se referiu aos perseguidos, torturados e assassinados pela ditadura militar, a presidenta não se conteve e chorou. Não resistiu às lembranças doloridas e amargas daquela fase negra da nossa história, quando ela e companheiros foram perseguidos, presos, torturados e alguns assassinados. As lágrimas da grande Combatente da Liberdade rolaram no seu rosto.
As lágrimas de Dilma são as lágrimas de todos quantos sofreram nos porões da ditadura. Que sofreram torturas que era do conhecimento dos generais e presidentes da ditadura. As lágrimas de Dilma são também as lágrimas de todos quantos de uma forma ou de outra também se posicionaram contra a ditadura. Um trecho do seu pronunciamento: "A verdade liberta daquilo que permaneceu oculto, de lugares onde foram depositados corpos de muitas pessoas. Mas faz com que agora tudo possa ser dito,, explicado e sabido. A verdade produz consciência, aprendizado, conhecimento. A verdade significa acima de tudo a oportunidade de fazer o encontro de nós mesmos com a nossa história".
Esperamos que esse relatório vire processo na Justiça. Que os remanescentes responsáveis direta ou indiretamente pelas torturas sejam punidos, e que os que já morreram tenham a sua memória execrada, mesmo já estando ardendo no fogo do inferno. O inferno ainda é castigo pouco para os torturadores da ditadura militar. E priu.
Jornalista William Pôrto
Blog Combate Popular
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