O MAIS MÉDICO
Os "escravos", médicos, de Cuba chegam de avião,
Os "escravos", médicos, de Cuba chegam de avião,
estudaram medicina, prestaram serviços em nações
pobres. Dão entrevistas e falam sobre medicina, saúde
preventiva, solidariedade, assistência. Nesse aspecto, ao
se expressarem, falarem quebram uma velha tradição
de silêncio imposta aos antigos imigrantes, trabalhadores
braçais dos canaviais do nordeste e dos cafezais de São
Paulo e do Paraná. E mais, são recebidos pelo governo,
ganham salários de 10. 000,00 e casa para morar. Vão
levar saúde para o povo brasileiro, em longínquos
povoados abandonados dos sertões do nordeste e do
interior do norte. Além de socorrem as populações
pobres das periferias do Brasil. Esse cenário irrita as
velhas e conservadoras elites, seus áulicos de plantão e
ideólogos de aluguel.
Em outro momento histórico, os escravos africanos, que
vinham para trabalhar nos canaviais e servir a casa
grande, chegavam de navios, quando não morriam nos
porões destes, para aqui viverem sem direitos, sem
salários, sem descanso, sem assistência. Vivendo em
senzalas, sobrevivendo do sobejo dos proprietários.
Esses sim eram do gosto de uma elite escravocrata,
latifundiária, ideologicamente conservadora e
exclusivista. Esses serviam, eram necessários, eram
ovacionados, porque explorados, humilhados,
chicoteados por uma elite tacanha e usurária, por
séculos. Foram 388 anos de exploração. O que resultou
e que ainda permanece, desse modelo agrário de
economia monopolista, concentradora da riqueza, do
poder e da cultura, que tem que mudar?
A pobreza, as favelas, o analfabetismo, a violência, a
desorganização social do nosso povo. Responsabilidade
dessa elite e seus filhotes ideologicamente afinados,
que
ainda hoje reclamam dos direitos sociais
conquistados pelos empregados domésticos e da
violência urbana que ela mesma produziu ao longo da
história.
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