A importância da política se concretiza no compromisso de permanecermos atentos, mobilizados em defesa das causas que sustentam à soberania popular, que anima o combate permanente à desigualdade social e que, mantém alerta, os atores sociais que defendem a democracia. Estes movimentos agasalham às condições indispensáveis ao resgate de perspectivas positivas, sem as quais, ficam mais difíceis à continuação das mudanças.
Os princípios de mobilização, que chamamos a atenção para se efetivar, requer que se considere o poder e às forças tenebrosas reunidas em grupos econômicos e sociais que se contrapõem a um projeto de esperança, de vida decente para o nosso povo. Assim, não desconhecemos o poder da mídia mercantil, conservadora, oligopolizada, de conteúdo antipopular e antidemocrático, majoritária como meio de informação e formação de milhões de brasileiros. E mais: precisamos compreender o papel de freio às mudanças imposto pelo capital financeiro, especulativo, rentista, que aprisionam o Estado, nas teias dos empréstimos e dos juros elevados; dos latifundiários que dificultam a reestruturação da terra, monopólio secular de poucos; merecendo destaque, igualmente, em nossas preocupações a existência de uma certa classe média de direita, de pensamento autoritário e, por vezes, fascista; de um empresariado saudoso do absoluto controle do Estado, porque historicamente tem abocanhado a maior parcela do orçamento público. O mesmo empresariado que propõe um Estado mínimo, e ao mesmo tempo, reivindica isenções fiscais, financiamentos com juros baixos, mecanismos jurídicos de reserva de mercado, e outras benesses, enquanto vive a falar em redução do tamanho da máquina pública. Muitos são, verdadeiros hipócritas, que vivem praticando ações danosas à sociedade. Leiam esse exemplo de conduta condenável praticada por esses paladinos da moralidade: em 2015, às 400 maiores empresas devedoras do Tesouro Nacional sonegaram 400 milhões de reais, em um total de 500 milhões sonegados, por todas elas. Mesmo diante do poder que ostentam, não devemos temê-los. Sabemos que o universo dessa gente é subproduto da sua avareza, da sua tristeza, é um deserto resultante de suas ideias egoístas, exclusivistas. Porque tomam como razão a dominação, a acumulação, a coisificação do homem.
As forças do capital, dos grupos conservadores, inegavelmente, são muito poderosas, não negamos, porque, para além do domínio da riqueza material, controlam milhões de brasileiros, num processo secular de formação de uma cultura e de uma ideologia alienadoras. Mesmo diante desse quadro, estamos há resistir ao avanço do autoritarismo, porque temos credibilidade, conhecemos a história aqui imprimida por essas forças, inteiramente contrária ao progresso, a civilidade, ao direito, a igualdade, a uma vida digna do nosso povo. Ainda, aprendemos com os exemplos da história extraídos das lutas sociais que as esperanças de milhões de brasileiros excluídos, explorados, vilipendiados, residem na capacidade que temos de atuar no campo da política: de organizar-se, formular ideias, propor projetos, gerar utopias. Repito, é na arena da política que podemos forjar os avanços e estabelecer as conquistas necessárias ao direito à uma vida plena. Sabemos mais que, fora da política restam os departamentos comerciais das empresas, daí porque a política é tão rebaixada pelas empresas controladoras dos meios de comunicação.
Com essa compreensão fomos às ruas. No episódio do impeachment, organizado pela direita que despreza os valores que sustentam à democracia, ficou demonstrado a nossa disposição de luta: pelas mobilizações de milhares de democratas, Brasil afora e pela publicação de inúmeros manifestos de apoio a presidenta Dilma e do seu mandato. Como vimos, segmentos significativos da sociedade civil, que não aceitam retrocessos, em qualquer uma das instituições da república se mobilizaram. Nesse sentido, vimos as manifestações dos Reitores e Professores das Universidades Públicas, que congregam grande parte dos nossos intelectuais e estudantes, que apoiam os avanços ocorridos nos últimos governos do PT, na área da educação superior; presenciamos a OAB, a defender a legalidade e as instituições democráticas, como já fizera no período da ditadura militar, ao levantar a bandeira de uma consciência jurídico-política democrática. Aqui, vale lembrar as lutas travadas pela OAB, nos tempos da ditadura militar, sob a batuta do seu grande presidente, à época, o escritor e jurista, Raimundo Faoro. A igreja católica, outra instituição que não ficou silente. Por meio da CNBB, os bispos brasileiros manifestaram suas posições de firmeza diante da possibilidade de um retrocesso no sistema democrático. Como já fizeram, também, na vigência da ditadura militar, sob o comando memorável de Dom Helder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom José Maria Pires, Dom Luís Fernandes, e tantos outros. A UNE, instituição que representa os estudantes universitários brasileiros, como em outros momentos cruciais da nossa história, tem se manifestado bravamente em defesa da democracia e das liberdades públicas. O MST, movimento dos trabalhadores rurais tem serrado fileira ao lado dos que lutam por conquistas sociais secularmente negadas. Também, juntou-se a esse importante segmento da classe trabalhadora brasileira, CUT e outras Centrais Sindicais de trabalhadores que ocuparam as ruas em defesa da democracia e da preservação dos seus direitos. Lembramos igualmente as manifestações e defesa da democracia e do governo do PT de inúmeros lideranças do setor artístico, intelectual e jurídico, muitas delas, vítimas da ditadura militar, nos idos de 1964.
Assim, somos muitos, milhões, que organizados, partimos em defesa da democracia, das liberdades públicas, da cidadania, duramente conquistada, já que nesses 515 vivemos, quase sempre, sob o tacão levantado por uma certa elite autoritária, defensora de privilégios e do atraso, em detrimento da construção de uma nação inclusiva e civilizada. Com esse pensamento devemos cumprir, proximamente, inúmeras tarefas, somando mais forças para avançarmos na consolidação dos processos democráticos e de uma consciência política transformadora. Esse é o nosso presente de ano novo.
Fonte, https://www.facebook.com/geraldodemargela.margela?fref=nf
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