Um mês depois de entrar com fanfarra no Globo, Lauro Jardim levou a maior bofetada de sua carreira neste domingo.
Com atraso, é verdade.
Numa inédita correção de primeira página, como se fosse um jornal escandinavo, o Globo desmentiu que Lulinha foi citado na delação premiada de Fernando Baiano.
Foi a primeira nota de Lauro no Globo, e ele avisou que ela ia provocar estrondo.
Provocou, mas não exatamente da maneira que ele imaginava. No curto espaço em que a informação sobreviveu, o colunista do Globo Jorge Bastos Moreno, um jornalista de bom coração que crê nos bons propósitos das empresas de mídia, saudou a estreia de Lauro como “triunfal”.
Talvez agora Moreno pudesse voltar ao assunto.
É uma errata histórica sob vários aspectos, não apenas para a reputação de Lauro.
Demonstra o acerto de Lula ao decidir, subitamente, processar jornalistas que publicam barbaridades sem prova contra ele.
Provavelmente o Globo quis dar uma advertência a Lauro, e aos demais jornalistas: prestem mais atenção ou vão terminar na primeira página, sob esculhambação.
Mas é também provável que os Marinhos tenham reagido à intensa reação de Lula na Justiça.
O episódio joga luzes também na ida de Lauro Jardim para o Globo.
O Globo, como todas as empresas, tem demitido levas de jornalistas, sob a pressão do avanço da mídia digital.
Por que contratar Lauro neste momento?
Há sempre a hipótese do antigo complexo de inferioridade da Globo em relação à Abril, mas não parece uma explicação forte o suficiente.
Existe também uma coisa prática: Lauro tem boas fontes no Ibope, e em seus últimos tempo na Veja vinha dando, com frequência, as estrepitosas quedas de audiência da Globo em tudo, das novelas ao Jornal Nacional.
É uma tradição da Globo comprar gente que a exponha. Paulo Francis foi um caso clássico. Contratado ele, cessaram suas críticas ferozes a Roberto Marinho, as quais começaram no Pasquim e se transferiram para a Folha depois.
Lauro, no seu novo endereço, parou de falar no Ibope da Globo, naturalmente. Suas fontes no Ibope não devem ter ficado exatamente felizes.
E fez o básico, no universo jornalístico destes dias: pôs foco em Lula. Nada agrada mais aos donos das corporações jornalísticas que ataques a Lula.
Na Veja, os donos não se importam sequer em saber se as denúncias são verdadeiras.
Mas o Globo ainda não chegou a este estágio de antijornalismo, pelo que se viu na inédita correção de primeira página.
O gesto do Globo pode antecipar também o direito de resposta, aprovado pelo Senado e na dependência de aprovação de Dilma.
Toda sociedade avançada, no mundo, tem vigorosos sistemas de resposta para erros da mídia.
A imprensa não está acima da sociedade, por mais que no Brasil ela se comporte como se estivesse.
Os cidadãos têm que estar protegidos de abusos. E não estão.
A proteção – o direito de resposta é um dos pilares dela, mas não o único – tem efeitos positivos até para jornais e revistas. Força-os a ser melhores, mais responsáveis, mais cuidadosos na hora de fazer uma denúncia.
Em pequena escala, é o que certamente acontecerá com Lauro Jardim no Globo depois da correção na primeira página.
Ele vai ser mais cuidadoso daqui por diante, mesmo quando se tratar de ataques à vítima prioritária da mídia, Lula
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