Total de visualizações de página

segunda-feira, 31 de março de 2014


Dilma Rousseff

TOLERÂNCIA ZERO
Inflexível com quem a contestava, a ‪#‎ditadura‬ militar fez vítimas até mesmo entre os seus pares.
Levantamentos oficiais indicam que cerca de 7,5 mil militares sofreram algum tipo de perseguição nos primeiros anos depois do golpe de 31 de março de 1964.
Inconformados com a supressão da democracia e a imposição de um regime autoritário de direita, submisso à doutrina imperialista americana, vários militares aderiram à luta armada. Esses foram em geral caçados e trucidados sem piedade.
O mais emblemático deles foi o lendário capitão do Exército Carlos Lamarca, que desertou em 1969 para comandar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Entre outros feitos, Lamarca comandou uma ação que libertou 70 presos políticos, além de divulgar para fora do Brasil as atrocidades cometidas aqui.
Justamente por sua coragem e conhecimento da rotina militar, ele foi considerado inimigo número 1 pelas Forças Armadas.
Perseguido ferozmente, Lamarca foi fuzilado no interior da Bahia em 1971 por integrantes da "Operação Pajuçara", considerada uma das mais violentas, quando já inteiramente dominado pela fome e doenças.
Outros militares, entretanto, não puderam lutar contra a repressão como demonstra a história.
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, uma parte deles contou o que sofreu.
José Bezerra da Silva, que serviu na Base Aérea do Galeão entre 1971 e 1979, foi torturado por achar excessivos os abusos cometidos em Stuart Edgard Angel, militante do MR-8, torturado até à morte diante da tropa por agentes do regime.
"Dias depois, fui internado com hemorragia na região do tórax e fui operado. O tenente foi lá me tirar da cama e me levar para tortura de novo. Quando recebi alta, cheguei em casa doente, ferido, operado e, logo depois, recebi a obrigação de voltar à unidade.
O tenente me submeteu a vários esforços, eu sentia o sangue descendo pela perna e não podia tomar uma atitude. Ia reclamar com quem se o meu próprio chefe me torturava?", recordou.
Segundo Silva, muitos eram obrigados a cometer atrocidades contra os presos sob pena de serem castigados.
"Nos entramos lá para sermos militares democráticos e não torturadores. Colegas nossos eram tirados do nosso meio para virar torturador. Ou tortura também ou será torturado", reproduziu.
Assim como ele, outros tantos militares foram cruelmente castigados e assassinados sem que suas famílias sequer soubessem de seus paradeiros.
Uma série de vídeos da CNV exibe depoimentos feitos em Audiência Pública com militares perseguidos pela ditadura. Vale a pena conferir essa parte abafada da história.


Nenhum comentário:

Postar um comentário