De Pesqueira/PE. 24.06.2012.
Um email que virou Canetadas!
Meu caro Walter,
Acompanho os seus escritos, faz algum tempo. Neles há sempre a coerência das palavras com a realidade da nossa Terra. O seu estilo educado acompanha o seu caminhar pelas ruas de Pesqueira, marcado pela calma e pela elegância dos gestos. Gestos em defesa de Pesqueira e sua gente.
Nesta crônica interrogativa (VOCE É CANDIDATO?), voce toca em um assunto de suma importância para aqueles que já são políticos de mandato e aos demais que têm essa pretensão, bem, ainda, o (a) eleitor (a).
Sim, porque o importante é que as eleições de outubro próximo são para escolha de prefeito, vice-prefeito e vereadores. São as chamadas eleições da base da pirâmide. Por meio delas escolheremos o prefeito (a) do Município, ou seja, aquele (a) que vai gerenciar os destinos de Pesqueira, por (longos) quatro anos.
Nas eleições majoritárias temos, também, a figura do vice-prefeito, que se elege com o voto agregado ao do prefeito. O papel constitucional do vice-prefeito é o de substituir o titular do cargo, o prefeito, nas suas faltas e impedimentos, ou mesmo na vacância do cargo, por qualquer motivo, como regulamenta o art. 52 da Lei Orgânica de Pesqueira, sem ser necessário buscar definições em outras normas. Sabendo-se que o cargo de vice é de reserva, também, remunerado, que dá prestígio político, muitos pretendem essa “boquinha”.
Peço a sua permissão, para recomendar que nessas suas sugestões, oportunas sugestões, que, igualmente, reflitamos, sobre o dever dos candidatos de conhecerem as nossas constituições (Federal e Estadual), especialmente a nossa Lei Orgânica, que não deixa de ser uma Constituição, e como tal deve ser respeitada, seguida por todos os munícipes, principalmente pelas autoridades, especialmente pelo legislador municipal. E nesse ponto o candidato a Vereador (legislador) tem que ter o conhecimento direto do contido nessa norma, além de outras, tais como o Regimento Interno da Câmara, o Código Tributário, o Código de Posturas Municipais, etc e etc e tal.
Mas, o que ocorre meu caro Walter, além do processo imoral que se estabeleceu nos pleitos municipais, com a troca de favores, a compra e a venda de votos, entre outras anomalias e aberrações, há um fato e isso ninguém gosta de dizer, talvez porque seja uma espécie de julgamento, para uns, ou preconceito, para outros, é que não há exigência do grau de escolaridade para que o cidadão (ã) seja candidato (a). Mas, isso se faz preciso!
Faz-se preciso, porque existem enormes contradições no jogo político, como por exemplo, a de que o analfabeto pode votar, mas não pode ser candidato, exigindo-se que seja alfabetizado. Até aí tudo bem! Mas é preciso se observar que o “alfabetizado” em nosso país é aquele que simplesmente “garrancha” o nome. “Garranchou”(expressão que se tem por assinatura) o nome pode ser eleitor (a) pode ser candidato (a).
Em todas as eleições, especialmente as municipais, se repete o fato de o Ministério Público impugnar o registro de candidatos (as) que não sabem ler ou escrever. Esse fato recentemente subiu na escala da pirâmide e alcançou os degraus da Câmara Federal, para que o deputado eleito “TIRIRICA” fizesse a chamada “provinha” que a Justiça Eleitoral exige para que o (a) candidato (a) prove que sabe ler e escrever.
E será que o não alfabetizado sabe bem escolher? E será, também, que alguns alfabetizados sabem escolher, mais ainda, legislar? É uma cultura que deveria ser revista. Lembro-me bem que em 1982, quando acompanhava uma caravana do saudoso Marcos Freire, pelos sertões, um cidadão chegou perante o então candidato ao Governo do Estado de Pernambuco, e lhe disse: “Doutô” Marcos eu não voto no “Senhô”porque sou “anafabeto”, e a lei não deixa. Mas, meus meninos estão na escola e no futuro vão poder votar.
Àquela época o analfabeto não tinha direito ao voto, poderia ser até um preconceito, uma discriminação, mas se esse fato fosse observador do ponto de vista de uma nova cultura que objetivasse alfabetizar as pessoas, com certeza haveria um número bem maior de alfabetizados, porém alfabetizados como queria o Mestre Paulo Freire e não o Mobral, que se tornou uma indústria para alfabetizar no sentido de dar ao cidadão o direito de votar e ser votado.
É verdade que quanto maior a participação popular na disputa dos pleitos, melhor. Entretanto, há a urgente necessidade de se rever esse quadro, pois os eleitos para os cargos legislativos devem conhecer as leis, interpretá-las, conduzi-las enquanto projetos. E isso exige que o vereador tenha uma boa escolaridade, uma boa leitura, que possa ler jornais, que possa entender o noticiário da mídia, que siba distinguir entre FICHA LIMPA E FICHA SUJA, enfim, que possa entender o seu papel de legislar, além é claro o de fiscalizar.
Voce, meu Caro Walter, foi feliz em fazer essas recomendações, que a meu ver deveriam ser seguidas por todos os candidatos, também pelos partidos políticos, nanicos ou não, trazendo ao debate as questões estruturadoras de que o Município precisa, para que se possa pensar em retomada de desenvolvimento. Não só os políticos, mas toda a população do município. Se assim fosse...
Muitos dizem que Pesqueira não ganha um novo empreendimento, por exemplo, uma indústria de peso econômico, daquelas que possam gerar empregos reabrindo a oportunidade principalmente para a nossa juventude, que a cada dia vai morar em outras cidades (antigamente o destino era São Paulo), por falta de condições de sobrevivência, de oportunidade para alcançar a elevação de seus conhecimentos, e com tudo isso ganhar um salário digno para a sua sobrevivência, para a sua satisfação profissional.
Mas, ao reclamar desses novos empreendimentos, aqui deve ser dito que nenhum empresário vai correr riscos e investir apenas por investir. O objetivo da empresa privada é o lucro, e assim sendo o Município tem que se preparar para oferecer uma boa infraestrutura, que passe pela oferta d’água, com estradas vicinais, com ligações intermunicipais asfaltadas, como as já tantas vezes citadas em CANETADAS, a exemplo de Pesqueira/Papagaio/Salobro/Capoeiras/Garanhuns; Pesqueira/Mutuca/Jataúba/Brejo da Madre de Deus/Campina Grande; Pesqueira/Cimbres/Monteiro/Campina Grande.
Existe, igualmente, a necessidade de se repensar a Cidade de Pesqueira, no que diz respeito à mobilidade urbana. Basta olharmos o crescimento vertical de carros e motos que transitam pelos nossos bairros e ruas, aliado ao difícil exercício no volante para se estacionar no centro da cidade. A cidade inchou!
No item segurança, temos que buscar um meio de acabarmos com os assaltos às casas comerciais, aos transeuntes, às escolas, às residências, especialmente aos aposentados (as). A criminalidade não é só a que mata. Veja voce que a cidade está escura, e esse é um fator que ajuda a ação dos marginais. É preciso se pensar, também, na questão da segurança dos bancos. Pesqueira tem seis bancos, a saber: BB; CEF; BNB; Santander; Bradesco; e Itaú. Esses são os maiores bancos privados e públicos do País, além de uma dezena de bancos “pé de escada” (se localizam em qualquer buraco), que se instalam apenas com o objetivo de promover os empréstimos consignados para aposentados e funcionários públicos. Esses bancos, todos eles, aqui em Pesqueira não oferecem nenhuma condição de segurança aos seus cliente e usuários, ficando restrito a um ou dois vigilantes dentro das agências (sem nenhum treinamento), quando se deveria ir além, ou seja, colocar modernos equipamentos de segurança, fazer o permanente treinamento dos seus vigilantes. E é certo de que os bancos não farão isso sem uma lei municipal que os obrigue. É preciso, portanto, que o vereador conheça o problema de perto, que estudem a questão, que proponham projetos de lei. Eis a questão do estudo, do preparo escolar, na vida dos nos parlamentares.
Veja voce, que alguns vereadores de Pesqueira, na atual legislatura foram até São Paulo para conhecer o novo sistema de administração hospitalar, que passa necessariamente pela gestão das Organizações Sociais de Saúde. Pois bem, foram e voltaram à custa do dinheiro do povo de Pesqueira, com o agravante de não levar na comitiva, sequer um médico, um técnico em administração hospitalar. Ao contrário disso levaram o presidente do SISMUPE. E o resultado? Nenhum!
Enquanto isso o Hospital Dr. Lídio Paraíba continua na UTI da decadência, da indecência, do despreparo dos nossos governantes de plantão, sem nenhum controle administrativo, continuando com a falta de médicos, medicamentos, aparelho de Raios-X, com o agravante de que as nossas crianças estão nascendo em outras cidades. E porque isso? Porque Pesqueira tem uma Câmara de Vereadores despreparada. Se Pesqueira tivesse uma Câmara com mais conhecimento, com mais estudo, seria mais bem preparada, evitando até mesmo que se APROVASSEM as contas do ex-prefeito, quando a recomendação do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO era para DESSAPROVÁ-LAS. É tudo lamentável!
É isso que os políticos, partidos e candidatos deveriam fazer, ou seja, estudar a Cidade, o Município como um todo, vendo de perto os seus problemas, as necessidades de sua gente, como voce bem diz em sua crônica, a fim de que possam os ilustres candidatos e candidatas discutir essas questões estruturadoras e básicas.
Pesqueira precisa urgentemente ser repensada, tanto do ponto de vista da sua economia, buscando um novo modelo de produção, principalmente no campo, tentando com isso reerguer a nossa agricultura e pecuária. E para isso é preciso que o eleitor (a) pesqueirense saiba escolher o seu futuro representante na Câmara de Vereadores. Sem isso não há Parlamento forte, comprometido com Pesqueira e o seu povo. Sem isso, não há progresso!
O texto do senhor Walter Freitas
PESQUEIRA : VOCÊ É CANDIDATO ? Podemos conversar um pouco?… – Por Walter Jorge Freitas. *
(em 22 de junho de 2012)
VOCÊ É CANDIDATO?
Mas que ótimo! Podemos conversar um pouco? Fique tranquilo, nada lhe pedirei. Gostaria apenas de apresentar algumas sugestões.
Para início de conversa, lembro que, segundo o IBGE, Pesqueira possui uma área de 961 Km². Sua população é de 62.793 habitantes, dos quais, aproximadamente 46.810 são eleitores aptos a votar no próximo pleito. Além da sede, o município conta com os distritos de Mutuca, Papagaio, Mimoso, Ipanema, Salobro, Cimbres, extensa zona rural e alguns povoados. Convém considerar que graças à sua obstinação, a nossa gente já conseguiu superar o trauma causado pelo fechamento das fábricas e está encontrando o seu rumo.
Como ainda não estamos em época de campanha, considero oportuno você ir discretamente aos distritos a fim de se inteirar dos principais problemas existentes nos mesmos. Enquanto se locomove, você estará conhecendo as estradas. Não se esqueça de visitar as escolas, os postos de saúde, matadouros públicos, verificar o abastecimento de água e saneamento público. Procure ouvir a população sem clima de campanha, com naturalidade.
Cumprida essa etapa, percorra a cidade. Se possível, faça sem alarde ou demonstração de espanto se algo lhe parecer anormal e fora de ordem. Mas anote tudo em um caderninho.
Vá às escolas, converse com os professores e alunos. Tente se informar sobre os salários dos mestres e funcionários, principalmente, no que se refere ao piso nacional. Conheça as condições dos prédios, inclusive das instalações sanitárias. Ouça as merendeiras.
Reserve um dia para percorrer os bairros. Dê maior atenção aos mais afastados como Pedra Redonda, Centenário, Cristo Rei, Zé Rocha e Caixa D’Água. Escute a população.
Convide um veterinário amigo seu e dê uma passadinha pelo Matadouro Público. Notou que eu disse passadinha? É porque, segundo dizem, ninguém suporta ficar muito tempo lá.
Como não sei se você frequenta a nossa feira na antiga Fábrica Peixe, sugiro dar uma espiada nas bancas, nos sanitários públicos e no terreno baldio que fica nas suas imediações.
Acho conveniente o amigo dedicar um tempinho para ir ao Hospital levar um papo com os pacientes e funcionários.
Percebeu que não coloquei o centro da cidade no roteiro de visitas? Acho que não precisa, pois todos nós somos conhecedores da situação.
Mesmo sabendo que a parte burocrática é bastante complicada, veja se consegue informações sobre as finanças do município, notadamente, a parte que se refere aos funcionários, à previdência e aos precatórios (se existirem).
Com certeza, eu devo ter deixado de indicar algum detalhe ou setor importante para ser avaliado, mas como não sou do ramo, espero ser compreendido.
Agora, dispondo de um diagnóstico dos males que afligem o município, resta-lhe elaborar o seu plano de governo e aguardar o período apropriado para iniciar a campanha. Mas nada de desrespeitar a Lei Eleitoral. Dê bom exemplo.
Posso lhe dar um conselho? Não faça promessas, nem permita que nenhum dos seus seguidores use o palanque ou os programas radiofônicos para atacar ou caluniar quem quer que seja. O pesqueirense nunca aprovou tais métodos. Não seja agressivo, mas fale com objetividade e firmeza sobre o seu sonho de ajudar a minorar os problemas de sua terra.
Última dica: Aja com prudência e ética, não negocie cargos antes de eleito. Se sair vitorioso, escolha as pessoas pela capacidade e não apenas pelo grau de parentesco ou apadrinhamento político. Esteja sempre à frente dos atos relacionados com a sua campanha, não perca jamais o controle e nem copie métodos usados em outros municípios.
Nota do blog: Aos dois ilustres cronistas, Jurandir Carmelo e Walter Jorge, externamos votos de aplausos pelas brilhantes crônicas publicadas em "VOCÊ É CANDIDATO?" e "Um email que virou Canetadas!"
Medeiros e Teresa
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