Foto: Comemoração da reeleição de Dilma Rousseff pela militância em outubro de 2014.
Autor: Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.
Não é admissível mais silenciar diante de injustiças. Nem aceitar, pacificamente a disseminação do ódio e da opressão. Não podemos admitir, de forma alguma, que órgãos do estado sejam utilizadas para promover perseguições contra pessoas e instituições. Quando silenciamos e tratamos condutas abusivas como naturais, corremos o sério risco de ver o aprisionamento da sociedade.
A história da humanidade está recheada de exemplos nos quais as sociedades aceitaram a imposição de pensamentos autoritários e degradantes, como no nazismo, no fascismo, nas ditaduras militares da América Latina, no franquismo e outros movimentos que se utilizaram do estado para reprimir a diferença. Em todos os exemplos podemos encontrar traços comuns, como a formação de coalizões conservadoras, o ataque destrutivo das forças progressistas, o apoio direto dos oligopólios de mídia e o silêncio das entidades democráticas.
Não podemos permitir, em momento algum, que uma eventual cegueira política não nos permita ver antecipadamente a necessidade reação. Fugir do debate público, esconder-se em gabinetes, afastar-se dos espaços de luta pode ser uma ação que não permitirá mais retorno, tal qual foi declamado em versos por Bertolt Brecht.
A inebriante hiper-realidade dos grandes meios de comunicação serve apenas para ofuscar os verdadeiros fatos e transmitir a pedagogia do ódio e do medo.
O exemplo mais gritante deste movimento que se utiliza da calúnia, da injúria e da tortura moral é a perseguição promovida por determinados grupos que se utilizam de brechas da estrutura do estado para propagar seu ódio contra o Partido dos Trabalhadores e contra a maior liderança política do país, Luiz Inácio Lula da Silva.
É possível que alguns militantes entranhados na alta burocracia partidária tenham cometido erros, pelos quais devem ser punidos. Mas ação sistemática voltada à destruição de formal e moral de uma organização política que foi fundada por movimentos sociais, sindicais, por intelectuais progressistas e segmentos populares, e que tem quase 2 milhões de filiados carrega outros objetivos, especialmente conter a possibilidade de mudanças sociais ainda mais profundas do que as observadas nos últimos 12 anos.
O erro de carregar um Ministro da Fazenda moldado pelo mercado financeiro e de aplicar um ajuste fiscal fundado em bases conceituais ultrapassadas durante todo o ano de 2015 não derruba os significativos avanços alcançados nos 3 primeiros mandatos do PT no comando da Presidências. Aliás, o que são 12 anos diante de 503 de privilégios e opressão elitista e patrimonialista?
Os ataques continuados dos conservadores contra Lula, escudados pela grande mídia e por segmentos saudosos da ditadura no Ministério Público e no Judiciário, nada mais é do que uma revolta dos donatários da casa grande contra a emergência das classes oprimidas.
Lula é atacado por aquilo que ele representa, a ascensão de um operário, antigo retirante nordestino da seca ao mais alto cargo do país. Apesar dos seus méritos, o ex-presidente não venceu pelos caminhos da competição individual, como proclama a ideologia de mercado, mas pelo trabalho coletivo, pela organização partidária e pela força da militância.
É exatamente por isso que o alvo dos grupos neofascistas não é apenas Lula, mas a instituição Partido dos Trabalhadores, uma entidade cuja bandeira vermelha estrelada ainda representa a esperança de milhões de pessoas. Destruir Lula e o PT significa destruir a esperança. E um povo sem esperança é uma presa fácil ao aprisionamento.
Daí o tratamento seletivo. Enquanto as supostas provas contra o Partido dos Trabalhadores e Lula são derivadas do espancamento da Lei e da doutrina para criar interpretações de conveniência, ou são fabricadas em empresas de comunicação sem nenhuma credibilidade, FHC, Aécio Neves e outros caciques do conservadorismo seguem impunes diante de provas robustas e documentadas na Operação Lava Jato, no escândalo de Furnas, no do Metro de São Paulo, do Banestado, da Merenda Escolar em São Paulo, dentre outros.
O tratamento seletivo é intencional, e uma demonstração cabal de que não temos nenhuma preocupação moral nos movimentos por tais grupos conservadores. O objetivo é destruir as possibilidades de transformação social e sepultar a Democracia no país. É por isso que direitos e garantias fundamentais como o devido processo legal, presunção da inocência, liberdade de expressão e de opinião são severamente destruídos cotidianamente por pessoas que deveriam resguardá-los.
Sinto a necessidade de defender os direitos duramente alcançados nos últimos anos. A minha bandeira surrada pela atuação militante já está preparada para ser carregada novamente. Não podemos mais silenciar diante da opressão! Devem e retomar com coragem o espaço das ruas!
Fonte, https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/2016/02/23/nao-podemos-mais-silenciar/
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