Sobre médicos cubanos
*Anatólio Julião
Médicos cubanos prestam, sim, dois anos de serviço social e ninguém no país sofre de TPM (Tensão Por Médico). Aprendem na prática com é a realidade do dia-a-dia, devolvem ao país um pouco do que receberam, porquanto o estudo é universal e gratuito, inclusive livros, equipamentos, roupas e alimentação.
Cuba é um dos poucos países do mundo onde sobram médicos. Cogita-se trazer médicos cubanos para ajudar o Brasil. Em Cuba, médicos brasileiros seriam força de trabalho excedente. Vexame!
Tenho um filho cubano, nascido em Havana, formado em Medicina pela Universidade de Havana, Dr. Alejandro (nome de guerra de Fidel) Ernesto (em homenagem ao Che) de Paula Ruiz. Atua no Agreste de Pernambuco há quase vinte anos e foi duas vezes vice-prefeito do município de Panelas.
*Anatólio Julião
Médicos cubanos prestam, sim, dois anos de serviço social e ninguém no país sofre de TPM (Tensão Por Médico). Aprendem na prática com é a realidade do dia-a-dia, devolvem ao país um pouco do que receberam, porquanto o estudo é universal e gratuito, inclusive livros, equipamentos, roupas e alimentação.
Cuba é um dos poucos países do mundo onde sobram médicos. Cogita-se trazer médicos cubanos para ajudar o Brasil. Em Cuba, médicos brasileiros seriam força de trabalho excedente. Vexame!
Tenho um filho cubano, nascido em Havana, formado em Medicina pela Universidade de Havana, Dr. Alejandro (nome de guerra de Fidel) Ernesto (em homenagem ao Che) de Paula Ruiz. Atua no Agreste de Pernambuco há quase vinte anos e foi duas vezes vice-prefeito do município de Panelas.
Dele só tenho ouvido elogios. Ah! Escolheu o interior por decisão própria, tendo atuado pela primeira vez como secretário de Saúde em São Benedito do Sul, terra de outro galeno exemplar, Dr. Amaury de Medeiros, atendendo a convite do Dr. Dílson Assunção, naquele então, diretor da III Dires, hoje III Geres, em Palmares. Encantou-se por nosso hinterland e nunca cogitou trabalhar no Recife.
Pouco mais que um adolescente, com seus inseparáveis estetoscópio e tensiômetro na bolsa de mão, durante o voo que o trouxe ao Brasil, após o terceiro chamado “se havia algum médico a bordo” pelos alto-falantes da aeronave, socorreu a um turista italiano, gordo como um Buda, apavorado, crente de que estava tendo um enfarte.
Pouco mais que um adolescente, com seus inseparáveis estetoscópio e tensiômetro na bolsa de mão, durante o voo que o trouxe ao Brasil, após o terceiro chamado “se havia algum médico a bordo” pelos alto-falantes da aeronave, socorreu a um turista italiano, gordo como um Buda, apavorado, crente de que estava tendo um enfarte.
Ao vê-lo de jeans, tênis e camisa polo, ar jovial e descontraído, a aeromoça ainda duvidou: “Você é médico?”. A resposta imediata: “se quiser volto pro meu assento”. “Não, por favor, entendeu a aeromoça”. Após verificar os sinais vitais e examinar cuidadosamente o Buda italiano, veio o diagnóstico: “O senhor não tem sintomas de quem está enfartando; tem sintomas de quem comeu e bebeu além da conta”, seguido do seu contagiante sorriso.
Tranquilizado o turista, o voo seguiu em paz.
Médicos cubanos atuam em quase 100 países em todo o mundo. Muitas vezes em situações precárias ou até mesmo de guerra, como no Vietnã e em Angola. Nunca se ouviu sobre eles qualquer denúncia de incompetência ou irresponsabilidade. Muito pelo contrário, são conhecidos por sua dedicação, humanismo, entusiasmo, desprendimento e alegria, tendo sempre o paciente como prioridade máxima.
Aprenderam não apenas nas excelentes faculdades médicas, mas com o comportamento solidário e humano característicos do povo cubano. Quando, em 1962, ocorreu a avalanche do vulcão Huascarán, no Peru, soterrando mais de 4.000 pessoas e ferindo muitas mais, centenas de médicos cubanos, os primeiros formados pela revolução, foram enviados para socorrer às vítimas da catástrofe. De lá pediram doações de sangue.
Tranquilizado o turista, o voo seguiu em paz.
Médicos cubanos atuam em quase 100 países em todo o mundo. Muitas vezes em situações precárias ou até mesmo de guerra, como no Vietnã e em Angola. Nunca se ouviu sobre eles qualquer denúncia de incompetência ou irresponsabilidade. Muito pelo contrário, são conhecidos por sua dedicação, humanismo, entusiasmo, desprendimento e alegria, tendo sempre o paciente como prioridade máxima.
Aprenderam não apenas nas excelentes faculdades médicas, mas com o comportamento solidário e humano característicos do povo cubano. Quando, em 1962, ocorreu a avalanche do vulcão Huascarán, no Peru, soterrando mais de 4.000 pessoas e ferindo muitas mais, centenas de médicos cubanos, os primeiros formados pela revolução, foram enviados para socorrer às vítimas da catástrofe. De lá pediram doações de sangue.
As filas nos hemocentros e hospitais foram impressionantes e comoventes. Eu fui um dos que, decididos a doar sangue, não consegui sequer chegar perto do posto de coleta da Calle 23, tamanha a fila de doadores. Que lição de ética, moral e solidariedade da população cubana! Todos estenderam seus braços para doar seu sangue aos irmãos peruanos.
E não estou falando do governo; estou falando do povo cubano e de sua inesgotável capacidade de luta e sacrifício, do seu humanismo e espírito de solidariedade. Quantas lições têm dado ao longo da história! Quanto teríamos a aprender com eles nesses aspectos.
Não obstante o constrangimento do gigante precisar ser socorrido por uma pequenina ilha caribenha, do tamanho de Pernambuco, bloqueada e isolada do mundo por mais de meio século, receber médicos cubanos no Brasil deveria ser uma honra para nós brasileiros e eles deveriam ser acolhidos fraternalmente, pois viriam aqui dar o melhor de si.
“Se duvida de homem sério, não acreditando em mim”, como versa o folheto de cantador “A Chegada de Lampião no Inferno”, pergunte pelo médico cubano Dr. Alejandro em qualquer município do Agreste Central. Ou melhor, faça-lhe uma visita em seu consultório em Caruaru e converse com ele que ele saberá explicar melhor.
Afinal de contas, eu fui “cubano” por apenas 10 anos.
*Sociólogo.
E não estou falando do governo; estou falando do povo cubano e de sua inesgotável capacidade de luta e sacrifício, do seu humanismo e espírito de solidariedade. Quantas lições têm dado ao longo da história! Quanto teríamos a aprender com eles nesses aspectos.
Não obstante o constrangimento do gigante precisar ser socorrido por uma pequenina ilha caribenha, do tamanho de Pernambuco, bloqueada e isolada do mundo por mais de meio século, receber médicos cubanos no Brasil deveria ser uma honra para nós brasileiros e eles deveriam ser acolhidos fraternalmente, pois viriam aqui dar o melhor de si.
“Se duvida de homem sério, não acreditando em mim”, como versa o folheto de cantador “A Chegada de Lampião no Inferno”, pergunte pelo médico cubano Dr. Alejandro em qualquer município do Agreste Central. Ou melhor, faça-lhe uma visita em seu consultório em Caruaru e converse com ele que ele saberá explicar melhor.
Afinal de contas, eu fui “cubano” por apenas 10 anos.
*Sociólogo.
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