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terça-feira, 5 de maio de 2015






REFLEXÕES SOBRE O 1º DE MAIO
O escravo, os homens brancos das franjas das fazendas, os operários de trabalho precarizado, as multidões das periferias e favelas, e suas causas: o pacto colonial, a dependência econômica, o Estado autoritário e a hegemonia intelectual falsificada, importada da Europa, comandada pelos capitais: mercantil, industrial e financeiro, nos impingiram um tipo de vida que já dura séculos. Que é preciso continuar sendo questionado.
A história não tem sido generosa com o nosso povo. Porque lhe foi imposto, por uma certa elite tacanha, uma herança perversa que já alcança mais de 500 anos: de trabalho escravo; de monopólio da terra, de trabalhador sem direitos assegurados; de emprego precarizado, de repressão e de violência. E mais: vivendo em um universo de poderosos: de senhores proprietários de escravos; latifundiários de chibata em punho; de empresários que se lambuzam na super-exploração do trabalho humano e vêm o Estado do bem-estar social como um entrave em seus avaros desejos de acumulação. Tudo isso criou um ambiente político-social que não permitiu ao trabalhador, nesse tempo, o acesso a uma formação cultural crítica, a uma educação transformadora e a políticas sociais de amparo.
A modernidade brasileira ( econômica, cultural e política) se perdeu na imensidão do seu território. Na multiplicidade das multidões dos seus pobres. A modernidade aqui instalada sempre foi pensada para poucos, porque aprisionada nos escaninhos dos desejos dos senhores, dos barões ladrões; na vergonha da nação escravocrata, lastreada em uma das suas frações sociais "livres", porém, excluída. Além de dominada pela ideologia do favor, do mandonismo local, do clientelismo universalizado, do autoritarismo.
Nunca, a elite brasileira, rural ou urbana, se deu conta da existência de um povo, de uma multidão de pessoas que precisasse com ela conviver, pactuar, dialogar, negociar, ao menos, nos parâmetros da modernidade europeia, do liberalismo econômico, assentado pelo iluminismo. Sempre que pode ela tornou estreitos os horizontes da integração, da civilidade, da democracia, da criação de uma visão crítica que possibilitasse à compreensão das causas que levaram e ainda levam, às maiorias, à se conformarem ao chão social rústico, construído e dominado pela lógica do senhor da Casa Grande, do capital, condicionando, desse modo, o destino da nação.
Em um mundo dominado, desde sempre, pelo modo de produção capitalista, sem um contraponto a vista, pela existência de uma sociedade mais avançada, socialista, por exemplo, ficamos patinando nas conquistas sociais e políticas, nos estritos limites dos princípios do liberalismo falseado, como projeto mais avançado, na busca da conquista do sujeito de direitos, sufocada fortemente pelos entraves impostos pelos interesses do capital.
Que bandeiras nos animaram nesse dia 1° de maio para irmos às ruas, senão, a luta para preservar as conquistas duramente obtidas no passado, já presentes na CLT dos anos 40 do século XX, e que, agora, estão ameaçadas por um congresso conservador, retrogrado. Quando deveria constar uma outra pauta, que expressasse avanços sociais, como redução da jornada de trabalho de 44 h semanais para 40, de ganhos de produtividade do capital, de mais ganho salarial e outras políticas públicas, na direção dos trabalhadores, dos excluídos.

Geraldo De Margela 
Professor da UFRN
Fonte, https://www.facebook.com/geraldodemargela.margela?fref=nf

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