"Política de caras novas, mas sem novidade "
"A oligarquia, a sucessão de uma mesma família no poder, sempre foi o mal da Paraíba e um mal que parece não ter fim. Ao contrário: tem se renovado, crescido e se multiplicado cada vez mais neste estado de miséria política e cultural. Um inegável exemplo disso foi o resultado das urnas no dia 3 de outubro.
Pensava-se que a oligarquia tinha sido morta pela explosão dos novos tempos e já estava sepultada: engano. Nunca esteve tão viva na Paraíba, onde as caras renovam-se, mas o sangue e as práticas políticas são as mesmas desde a formação administrativa deste estado.
A política oligárquica tem seu alicerce no clientelismo, no compadrio e na corrupção moral e política. E temos que reconhecer que essas bases são inquebrantáveis porque estão fincadas em meio a uma massa humana tão desprovida de pão quanto consciência. E o que é massa se não algo que, entre as mãos, é flexível, manobrável para qualquer lado, e, mesmo com tantos safanões e pancadas, não se desliga dos dedos dos que a transformam em um bem digesto pudim eleitoral e devoram-lhe qualquer razão de esperança.
E essa massa é o principal produto da oligarquia, que, com dolo e má fé, fabricou um povo sem instrução, sem razão, sem reflexão, sem educação, sem saúde, sem presente e sem futuro, para podê-lo manobrá-lo da forma como entender. Levá-lo à urna qual boiada ao matadouro.
As oligarquias, das menores, mandatárias dos rincões mais longínquos, às maiores, chefes do poder nas plagas mais populosas e no estado inteiro, sempre foram o motivo de nossa desgraça. E se o Nordeste já é pobre, a Paraíba está entre os seus estados mais miseráveis.
Na eleição de três de outubro, recorrendo aos velhos meios, entre os quais a compra de votos e a compra de ex-prefeitos, prefeitos e vereadores, as oligarquias jogaram um punhado de meninos dentro do Congresso e da Assembleia Legislativa. As caras são novas, mas discursos e práticas são os mesmos dos seus pais e avós. São herdeiros também da incompetência e da falta de compromisso com o verdadeiro desenvolvimento popular.
Meninos nascidos em berços de ouro e que nunca pisaram o chão; meninos sem nenhuma vivência da realidade e instruídos tão somente na arte de ludibriar a pobre massa faminta de tudo e de furtar os cofres públicos.
O verdadeiro desenvolvimento será somente alcançado com duas profundas reformas: primeiro na educação, para que os filhos da massa tenham acesso a um sistema de ensino qualificador e libertador deste jugo político e cultural ao qual estão submetidos desde os primeiros tempos deste país; segundo, uma reforma fundiária, garantindo terra e condições de cultivo e pecuária para o agricultor pobres, transformando-o em produtores familiares.
Mas isso não interessa às oligarquias porque elas alimentam-se exatamente da miséria e do despreparo intelectual do povo. E até quando o sangue podre da elite oligárquica vai continuar contaminando este estado? Talvez para sempre porque seus tentáculos estão dentro dos tribunais, dentro da polícia, dentro das casas de leis e, principalmente, dentro do executivo, e por todos os lados e por todos os cantos."
Fonte: http://www.folhadovali.com.br/site/modules/news/article.php?storyid=433
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